Rodolpho H. O. Eckhardt

Hoje você é quem manda Falou, tá falado Não tem discussão A minha gente hoje anda Falando de lado E olhando pro chão, viu Você que inventou esse estado E inventou de inventar Toda a escuridão Você que inventou o pecado Esqueceu-se de inventar O perdão

Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Eu pergunto a você Onde vai se esconder Da enorme euforia Como vai proibir Quando o galo insistir Em cantar Água nova brotando E a gente se amando Sem parar

Quando chegar o momento Esse meu sofrimento Vou cobrar com juros, juro Todo esse amor reprimido Esse grito contido Este samba no escuro Você que inventou a tristeza Ora, tenha a fineza De desinventar Você vai pagar e é dobrado Cada lágrima rolada Nesse meu penar

Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Inda pago pra ver O jardim florescer Qual você não queria Você vai se amargar Vendo o dia raiar Sem lhe pedir licença E eu vou morrer de rir Que esse dia há de vir Antes do que você pensa

Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Você vai ter que ver A manhã renascer E esbanjar poesia Como vai se explicar Vendo o céu clarear De repente, impunemente Como vai abafar Nosso coro a cantar Na sua frente

Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Você vai se dar mal Etc. e tal

Estava assistindo uma palestra (Stop Writing Dead Programs pelo Jack Rusher) em que ele diz uma verdade: o MacBook na frente dele está fazendo cosplay de PDP-11. Em outras palavras, ainda estamos presos às abstrações e às decisões de design, arquitetura, interface e código feitas décadas atrás – quando o mundo de computação era outro.

E as premissas adotadas não foram documentadas e, pior, não são questionadas. Quais as possibilidades? O que poderíamos fazer se não estivéssemos presos?

Essa semana comecei a tomar os remédios para TDAH e decidi procurar outras pessoas que passam pela jornada que comecei agora. Me surpreendi com a quantidade de pessoas no trabalho que também tem TDAH.

Também ficou claro como há um espectro para todos os sintomas – alguns descreveram experiências que são bem familiares, outras que nunca tive. Remédios e efeitos colaterais também são os mais diversos.

Eu estou cada vez mais reavaliando minhas memórias de criança e adolescente, repensando tudo que passei e isto está me ajudando a entender como eu era e como sou hoje.

I'm just a poor wayfaring stranger Traveling through this world below There's no sickness, no toil or danger In that bright land to which I go

I'm going there to see my father And all my loved ones, who've gone on I'm just going over Jordan I'm just going over home

I know dark clouds will gather 'round me I know my way is hard and steep Yet beauteous fields arise before me Where God's redeemed their vigils keep

I'm going there to see my mother She said she'd meet me when I come So i'm just going over Jordan I'm just going over home I'm just going over Jordan I'm just going over home

Nessa última quinta-feira o Swiss Python Summit aconteceu em Rapperswil. Essa é a conferência nacional da comunidade suíça de Python.

A primeira palestra foi da Mahe Khan sobre sua experiência se tornando uma engenheira de software, entrando na comunidade Python e conhecendo as pessoas. Felizmente ela só teve coisas positivas a falar e boas recomendações a todos.

Em seguida o Dave Halter apresentou a linguagem Rust aos programadores Python. Achei interessante a palestra e talvez faça mais sentido para quem está vindo de uma linguagem mais baixo nível, por exemplo C ou C++, pois alguns dos benefícios da linguagem não são problemas que muitos desenvolvedores em Python encontram.

Após o coffee-break matinal, o Martin Stypinski apresentou princípios e ideias a se considerar quando “producionalizando” um modelo de IA. Eu tenho experiência com sistemas mais tradicionais e ainda não tive que colocar um modelo de ML em produção, foi bem interessante aprender.

Em seguida, o Peter Bittner palestrou sobre um ponto-fraco meu: testar scripts e ferramentas pequenas que escrevo no dia a dia. É comum desenvolvedores testarem seus sistemas e projetos maiores, mas os scripts e ferramentas menores acabam sem testes. Ele apresentou algumas ferramentas e estratégias para resolver esse problema.

Outro ponto fraco meu é gerencia de configuração. Normalmente acabo usando um protocol buffer em formato de texto, mas sei que essa não é a melhor opção. Então foi interessante escutar o Silvan Melchior palestra sobre o ConfZ – um sistema de gerenciamento de configuração com Pydantic.

Tivemos uma pausa para o almoço e a primeira sessão em seguida foi excelente. O Radomir demonstrou como fazer desenvolvimento de jogos usando o CircuitPython. Melhor ainda foi ver todas as placas de desenvolvimento de jogos que ele projetou e construiu sozinho, impressionante.

A próxima palestra foi interessante, mas é algo que eu não estou acostumado a fazer: verificação de type annotations com o mypy. Sei que já estou velho e aprender novidades vai ficando cada vez mais difícil, ainda mais quando a mudança é em algo que eu já conheço. Aprender a fazer type annotations já é uma bela mudança, fazer validação então. Mas a palestra do Michal Gutowski foi muito boa então eu resolvi experimentar em casa.

Após o coffee-break da tarde, o Tobias apresentou o MicroPython no controlador RP2040, que ficou famoso pelo Raspberry Pi Pico. Eu já brinquei com alguns Raspberry Pi, mas antes dele só alguns projetos simples com um Arduino. O Pico parece uma placa bem legal e o MicroPython facilita muito o trabalho. Comprei um Pico e vou fazer alguma coisa aqui em casa com ele.

A última palestra do dia foi do Florian Bruhin que começou ano passado a ensinar automação com Python a alunos de graduação, e claro teve que automatizar esse trabalho. Semelhante a experiência de automatizar o curso de SREs, foi bem legal ver o quanto o trabalho de professores precisa ser automatizado nos dias de hoje.

Em seguida tivemos o encerramento e um happy hour. Foi um dia muito bom e produtivo, ótimas palestras e grande oportunidade para ver amigos após a pandemia.

Agora começa o trabalho para organizar a próxima conferência. O Stefan Keller se voluntariou para liderar o trabalho e já temos alguns interessados. Aliás, se você leitor quiser ajudar entre em contato com a gente.

Quando eu era criança costumávamos passar quaisquer férias e finais-de-semana prolongados em Peruíbe, na praia. Mesmo no inverno, com chuva, como era bom trocar de casa e poder relaxar em outro ambiente.

Depois cresci e parei de ir tanto a praia. A casa continuou lá por muito tempo, vazia. Talvez tenha utilizado cinco vezes, provavelmente menos, em todos os anos.

Nessa última semana nós viajamos e fomos a outra praia por aqui. Como foi bom relaxar e brincar com os meninos. E como eles aproveitaram! Se eu pudesse, daria a eles a mesma experiência em suas férias. Agora olho com arrependimento por não ter aproveitado as oportunidades do passado.

Mas não posso aproveitar as marés que já foram, só as que estão adiante.

E agora, com esse diagnóstico em mãos, eu revejo as memórias que tenho, tentando separar o que eu achava ser “normal” e o que na verdade é.

Escutei uma pessoa sobre o próprio nome do distúrbio. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. As pessoas que sofrem disso não tem déficit de atenção, mas dificuldade em controlar atenção (afinal há hiperfoco). Por que então chamar de TDAH? Porque essas características são as que mais incomodam as pessoas que não sofrem do mesmo distúrbio. A “normalidade” impondo seu ponto de vista. Quantas vezes eu impus o meu?

Essa semana eu iniciei o processo de diagnóstico de TDAH.

Aos quarenta anos de idade, me surpreendi quando foi sugerido que eu pudesse ter esse disturbio – assumia que quem sofre com isso tem notas baixas e outros problemas na escola, mas esse nunca foi meu caso. Me explicaram que esse é um sintoma comum, mas não presente em todos os casos: algumas pessoas com TDAH tem a sorte de ou serem inteligentes o suficiente ou conseguirem estruturar seus estudos/trabalhos na escola para mascarar esse problema.

Os primeiros testes parecem confirmar o diagnóstico, mas estamos só começando.

Recentemente consegui um MacBook Air de 11 polegadas que seria reciclado. Eu gosto muito do tamanho e peso desse computador: para mim é do tamanho ideal para transportar (grande o suficiente pra minhas mãos, mas não grande demais para pesar). Mas infelizmente esse foi fabricado em 2011 e os MacBook Air de 2011 não recebem mais atualização de SO pela Apple. Minhas alternativas: usar um SO sem atualizações de segurança ou alguma alternativa.

Novamente o Linux salvou: instalei Arch Linux na máquina e está funcionando muito bem – aliás melhor do que meu MacBook Pro mais novo, com Big Sur.

It takes strength to know what's right. And love isn't something that weak people do.

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