Rodolpho H. O. Eckhardt

Na aula mais recente do CAS que estou cursando na ETH Zürich, o professor apresentou dois pontos de vista sobre o avanço tecnológico: determinismo versus otimismo tecnológico. O ponto de vista determinista vê o avanço tecnológico como algo fora do controle humano e social. As inovações e pesquisas ocorrem independentes de considerações sobre se deveriam ocorrer. O otimista pelo contrário vê o avanço tecnológico como uma produção social e portanto sob o controle humano. Se decidirmos não construir uma bomba nuclear, não será inventada.

Eu achei essa redução um pouco exagerada. Principalmente porque me considero um pessimista tecnológico. Concordo com o otimista que a produção tecnológica é resultado de processos sociais. No entanto concordo com o determinista que esses processos estão fora do controle social. O pior dos dois mundos!

Moloch está aqui, nós sabemos dele, mas nossa luta contra sua influência é inútil. Estou aos poucos aceitando esse fato e evitando me frustrar contra esse avanço ao precipício.

No último post eu comentei sobre atravessar a rua somente quando o semáforo de pedestres está verde. Semana passada eu estava na Suíça, dirigindo de casa até a ETH quando eu percebi como os semáforos ficam abertos por pouco tempo. Como estava dirigindo estava incomodado porque somente dois ou três carros passavam com cada fase verde.

Daí pensei nos pedestres e na espera. Fiquei preso no círculo: os semáforos trocam rápido para que os pedestres não esperem muito? Ou os pedestres não atravessam no vermelho porque sabem que o semáforo abrirá em pouco tempo?

Será que a cultura moldou a regra? Ou a regra moldou a cultura?

O que é melhor? Uma regra intencionalmente rígida porque se espera um policiamento imperfeito e o objetivo é mais leve do que o cumprimento total da norma? Ou uma regra mais leve, mas que exige aderência total?

Eu lembro nos nossos primeiros dias em Zurique, em 2013. Como foi a sensação de ter pousado em outro planeta. Lembro de como foi ter que aprender os costumes e as obrigações locais. Aos poucos parei de notar os ajustes a serem aprendidos. Não tinha entendido como os ajustes desapareceram porque eu tinha me tornado mais “local”.

Esse é meu primeiro mês em Dublin. Estou gostando muito da cidade. Já encontrei a casa para nossa família e o trabalho de prepará-la para eles começa. Mas o choque cultural bateu no sentido contrário agora. Vejo todos os ajustes que aprendi na Suíça me tornam incomum. Desde coisas simples como esperar para atravessar a rua no semáforo verde até o comportamento dentro do sistema de transporte público.

Aos poucos vou deixar o lado suíço de lado e adotar o irlandês.

Estou lendo o livro Humankind do Rutger Bregman. Faltam só alguns capítulos desse primeiro livro de 2023 e o ano começou com o pé direito: excelente esse livro, recomendo a todos!

Não devo escrever aqui mais antes da virada de ano. Nesses últimos dias de 2022 venho passando tempo refletindo sobre as coisas que aprendi, os sucessos, as falhas e as coisas que eu gostaria de ter feito diferente.

Comemorando as vitórias. Aprendendo com as derrotas.

Estou dedicando tempo também para planejar 2023 com mais detalhes do que fiz doze meses atrás. Quero que seja um ano quando minhas ações são mais intencionais e mais alinhadas com meus objetivos.

Desejo a todos um ótimo ano novo! Saúde, felicidade e sucesso!

“Endless Trouble” is my name / Benim adım dertli dolap (a world of trouble) Like rushing water my life flows away / Suyum akar yalap yalap This is God’s command / Böyle emreylemiş Çalap (God) I know trouble, my brothers! / Derdim vardır inilerim! (strong men, brother in law)

A tree of this mountain am I / Ben bu dağın ağacıyım Neither sweet nor bitter am I / Ne tatlıyım ne acıyım A petitioner of God am I / Ben mevlâya duacıyım I know trouble, my brothers! / Derdim vardır inilerim!

On the mountain they felled my trunk / Dağda kestiler hezenim All my schemes come to ‘naught / Bozuldu türlü düzenim Without shame a troubador I / Ben usanmaz bir ozanım I know trouble, my brothers! / Derdim vardır inilerim

Yunus laughs not at what comes of this / Yûnûs bunda gelen gülmez His wish no one achieves! / Kişi muradına ermez! In this fleeting existence no one remains! / Bu fânide kimse kalmaz I know trouble, my brothers! / Derdim vardır inilerim

Yunus Emre

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No início da pandemia eu troquei de projeto. Além de projeto, troquei de posição. Saí do time de Site Reliability Engineering e fui para o time de Software Engineering. Já tinha imaginado que teria que aprender novas habilidades e ferramentas. O que eu não tinha pensado é como seria necessária uma visão de mundo diferente.

Eu continuei a escrever documentos e propor soluções como fazia antes. No entanto, muitas das ideias acabavam sendo rejeitadas ou sofrendo muita resistência. Eu não entendia o que estava acontecendo – eu conseguia entender e explicar porque as minhas propostas eram as melhores tecnicamente; o que estava acontecendo?

Semana passada eu resolvi ser mais explícito sobre essa sensação e percebi que o problema não era a solução em si, mas o modo como eu estava apresentando. Hoje reescrevi uma das propostas que tinham sido bem criticadas e funcionou – foi bem aceita pelas mesmas pessoas.

Aprendendo a trabalhar e me comunicar de um novo modo.

Tivemos um curso sobre culturas diferentes e a cultura suíça no ambiente de trabalho. Foi interessante aprender sobre as diferenças e entender um pouco sobre os possíveis choques (apesar de improváveis lá no trabalho devido à concentração de estrangeiros).

Um dos tópicos abordados é o do burn-out.

Infelizmente todo o foco da responsabilidade pelo burn-out é colocada no indivíduo. “Como perceber que você vai ter burn-out?” “O que fazer para evitar o burn-out?” “Os recursos disponíveis para você para evitar burn-out.”

Zero foco no ambiente e no contexto. E se não for a pessoa que teve burn-out, mas o ambiente que causou isso e muitas vezes intencionalmente? É fácil depois individualizar e culpar a vítima.

Eu já sabia que a maneira mais fácil de se tornar um milhonário é ser um bilhonário e abrir uma empresa aérea. Esse mês aprendi que comprar redes sociais também funciona!

E com toda essa bagunça a migração de pessoas para o Mastodon aumentou, muito! Alguns administradores estão sofrendo para manter no ar seus servidores com a quantidade de novos usuários se cadastrando.

Após uma piada resolvi montar um servidor também. E com isso nasceu o PiuPiuPiu!

Um dos meus amigos relatou como o Mastodon tem gosto da antiga web, decentralizada, bagunçada, mais orgânica. Recomendo muito vir conhecer o geminispace! É essa sensação vezes mil.

Eu gostaria de ter tido um professor de filosofia bom durante meus anos do ginásio. Tópicos como moral e ética não foram discutidos ou estudados. O foco estava em temas que permitiriam os estudantes passar no vestibular e não necessariamente importantes. Hoje sinto falta.

Não sei se teria a inteligência (ou atenção) necessária para participar de uma discussão assim naquela época por outro lado. Muito do que eu acredito hoje mudou com o tempo e talvez não estivesse aberto a conversas honestas então.

Ontem escrevi quatro folhas do meu caderno discutindo comigo mesmo moral e ética. Seria bom ter essas discussões com outras pessoas, e principalmente com alguém treinado na área.

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